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A grande comissão requer aconselhamento bíblico?

Por que uma igreja e seus líderes deveriam ser compromissados com aconselhamento bíblico? Porque aconselhamento bíblico é parte das ordenanças de Jesus para cada igreja local.

À luz de sua morte e ressurreição vitoriosas, e da autoridade dada a ele pelo Pai, Jesus deu o seguinte mandamento a seus apóstolos:

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. (Mateus 28.18–20)

Onde aconselhamento bíblico se encaixa na Grande Comissão do nosso Senhor?

Comecemos por reconhecer o aconselhamento bíblico como meio de evangelismo, o que podemos chamar de evangelismo ocasionado por problemas.<1> Buscamos ganhar para Cristo aqueles homens e mulheres que estão passando por dificuldades na vida e experimentando problemas pessoais e relacionais. Pode ser sua colega de trabalho não salva, Dena, que passa por níveis altos de ansiedade, ou seu vizinho não salvo, Greyson, cuja ira afastou sua esposa—ambos precisam de Jesus.

Suponha que cada um deles concordasse em se encontrar individualmente com você. Ao entrar em seus mundos, eles se abrem e expõem seus problemas. Você busca entender tanto as necessidades que sentem e as necessidades verdadeiras, aquelas definidas por Deus. Você traz a eles conselhos centrados em Cristo tanto sobre a ansiedade de Dena, quanto sobre o casamento de Grayson, expondo diante deles a esperança imediata e final que somente Jesus traz.

Em seguida, pela graça de Deus, algo glorioso acontece. Em sua segunda sessão com Grayson e em sua quarta sessão com Dena, Cristo se revela de uma maneira especial. Cada um deles se arrepende, crê e começa a seguir Jesus. Você e os anjos nos céus festejam!

E agora? Seguindo a Grande Comissão de Cristo, nossa igreja batiza esses novos discípulos e inicia o processo de “ensiná-los a guardar todas as coisas que Jesus ordenou”.

O que o ministério de ensino envolve? Três componentes parecem ser exigidos. Primeiro, ensinamos a eles o que a Bíblia ordena, o conteúdo de “todas as coisas que vos tenho ordenado”. Isto inclui não apenas as palavras de Jesus registradas no evangelho, mas também as Escrituras Hebraicas (interpretadas de maneira cristocêntrica) e nos escritos inspirados dos apóstolos do Novo Testamento.

Isso significa ajudar Dena a conhecer os comandos de Deus relacionados a preocupação/ansiedade/medo em passagens como Mateus 6.19–34, Filipenses 4.4–9 e 1 Pedro 5.6–11. Significa ajudar Grayson a conhecer os comandos de Deus em Efésios 5.6–11 a amar sua esposa sacrificial e sensivelmente, além dos comandos similares em Colossenses 3.1 e 1 Pedro 3.7. Em cada caso, claro, mostramos como esses comandos fluem da obra salvadora de Cristo.

Contudo, isso não é suficiente para cumprir a Grande Comissão.

Segundo, ensinamos Dena e Grayson que devem “obedecer” (ou “observar” em outras versões) tais comandos. Jesus não meramente quer que Grayson e Dena conheçam os comandos, mas também sigam seus comandos. Como um certo estudioso notou “a ênfase em obedecer a tudo o que lhes ordenei mostra que as partes do discurso não são para serem material didático para ser aprendidos, mas sim imperativos práticos a serem vividos”.<2> Em cada caso, é claro, lembramos a eles de suas novas identidades como filha e filho de Deus, a presença do Espírito Santo dentro deles e a igreja ao redor, capacitando-os a obedecerem ao seu Senhor.

Porém, para cumprir a grande comissão, ainda precisamos de algo mais. Precisamos de aconselhamento bíblico. Por quê?

Porque conselheiros bíblicos trazem um terceiro componente que é muitas vezes negligenciado, mas faz parte do chamado de ensino presente na Grande Comissão.

Conselheiros bíblicos trazem tangibilidade aos textos.

Não apenas ensinamos o que Jesus ordena e que devem obedecer às ordenanças dele; nós também ensinamos como obedecer suas ordenanças. Nós ajudamos o povo de Deus a cumprir a Palavra de Deus — de maneira prática e detalhada nas situações específicas de suas vidas.

Isso significa ensinar Grayson como obedecer ao comando de Deus de amar a esposa específica que Deus lhe deu, no contexto específico do relacionamento marital deles. Por exemplo, o ajudamos a saber como confessar seus pecados e pedir seu perdão, o que dizer quando ela o criticar e o que fazer quando ela se afasta.

Isso significa ensinar Dena como se aproximar de Deus e aplicar a Palavra quando fica ansiosa. Por exemplo, a ajudamos a saber como ver as pressões corretamente, como depositar suas ansiedades diante do Senhor em oração e como abraçar as promessas do Pai quando seus medos ameaçarem se apoderar dela.

Além disso, fazemos tudo isso de maneira sábia, compassiva e interpessoal, assim como nosso Senhor fazia diariamente em seu próprio ministério da Grande Comissão.<3>

Fico pensando: se você não estiver fazendo aconselhamento bíblico, você tem certeza de que está obedecendo a Grande Comissão de Jesus nosso Senhor?

Questões para Reflexão

Em quais aspectos do amplo ministério da Grande Comissão descritos acima você encontra fraquezas em si mesmo? Como um treinamento em aconselhamento bíblico mais profundo poderia te ajudar e ajudar sua igreja a evangelizar eficazmente homens e mulheres em meio a seus problemas?

Este post, de autoria de Robert Jones, foi originalmente publicado no blog da Biblical Counseling Coalition. Traduzido por Natália Rios e revisado por Lucas Sabatier. Republicado mediante autorização.

*Os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores originais, não refletindo, necessariamente, a opinião da direção e membros da ABCB em sua totalidade.

<1> Veja meu artigo “Biblical Counseling: An Opportunity for Problem-Based Evangelism,” Journal of Biblical Counseling 38:1 (Spring 2017), 75–92, que mostra como o aconselhamento bíblico centrado em Cristo traz Cristo para o relacionamento do aconselhamento sem menosprezar os problemas apresentados pela pessoa.

<2> Grant R. Osborne, Matthew, vol. 1, Zondervan Exegetical Commentary on the New Testament (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2010), 1082. Tradução livre.

<3> Graças a Deus, tudo o que foi anotado nesse e nos parágrafos anteriores é parte de muitos programas sólidos de graduação em aconselhamento bíblico disponíveis em nossos dias.

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