Além da morte de um filho, uma das dores mais profundas que um pai cristão pode experimentar é a de ter um “filho pródigo”, como alguns denominam. Em Lucas 15.11-13, Jesus conta a história do filho pródigo — o mais jovem — que exibe uma atitude rebelde e ofensiva em relação a seu pai:
continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Interpretando esses versículos em seu contexto histórico, John MacArthur explica que o filho mais novo está essencialmente dizendo: “Desejo que você estivesse morto, pai, para que eu pudesse gastar minha herança”. Que situação dolorosa para um pai experimentar! Então, para agravar ainda mais o insulto, o filho reúne tudo o que seu pai lhe dá e vai para o mais longe possível de seu pai. É fácil imaginar a rejeição, a mágoa, o desapontamento, a dor da perda do relacionamento, a tristeza, a raiva e outras emoções do pai — tudo misturados.
Os pródigos modernos e seus pais
Para os cristãos, lidar com um filho que se afasta da fé de seus pais não é menos agonizante. Na verdade, muitas vezes é uma dor que não se alivia completamente até que o filho se arrependa verdadeiramente. A rebelião manifesta-se como um produto de um coração duro para com Deus e um coração que quer prosseguir o que é certo segundo seus próprios olhos. O filho pródigo de hoje pode ser facilmente atraído, levado por seus próprios desejos, por um mundo de pensamento da nova era, humanismo secular, pecados de natureza viciante, pecado sexual e muito mais. Todas essas tentativas demonstram uma rejeição direta dos valores dos pais e, finalmente, uma rejeição das verdades bíblicas de Deus.
Alguns pais cristãos que eu aconselhei se viram confusos por causa de um pensamento errôneo. Eles incorretamente acreditaram que, porque criaram o filho em um lar piedoso com as Escrituras ensinadas e o Espírito Santo presente em suas próprias vidas, eles de alguma forma asseguraram que veriam o fruto do arrependimento e da vida eterna em sua prole. Já ouvi um pai cristão expressar esse pensamento errôneo da seguinte maneira: “Meus filhos serão criados em uma casa temente a Deus, como eu nunca tive quando criança, e isso será o que os salvará”.
A teologia correta ajuda os pais cristãos a ancorar sua alma na verdade de que somente Deus, por seu Espírito, resgata a alma pecadora, e que não existe nenhuma fórmula para garantir que alguém seja salvo por Cristo. Nossa esperança deve estar somente em Cristo, e não no que ele fará com a alma do nosso filho. O pensamento de um pai deve se assemelhar-se à letra de “Even If”, escrita pelo grupo musical “MercyMe”, que assim diz:
Sei que tu és capaz e sei que podes salvar de dentre o fogo com sua mão poderosa.Mas, mesmo que não o faça, minha esperança está somente em ti. No outro extremo, alguns pais cristãos se deixam desesperar com um pensamento impreciso de que eles devem ter feito algo errado e afastaram o filho de Cristo com seu próprio pecado. Mais uma vez, o pensamento teológico correto nos assegura que todos os filhos nasceram com uma natureza pecaminosa e precisam da graça salvadora de Deus (Romanos 3.23, 6.23). Embora alguns pais possam ser excessivamente críticos ou pobres exemplos a seguir, a realidade é que os filhos dessas famílias também precisam de um salvador. Sim, ser crítico demais impacta o pensamento de um filho (e sim, os pais são responsáveis pelo arrependimento de seus próprios pecados diante de Deus e dos outros), mas nenhum pai pode "afastar um filho para longe de Deus" porque os filhos já nascem em pecado, o mais longe de Deus possível, até que eles nasçam de novo (João 3. 3, 16–18). Os pais pecam. Filhos pecam. Todos nós precisamos da maravilhosa graça de Deus. Os pais devem fazer o seu melhor para educar seus filhos biblicamente, confessando seus pecados e fracassos de seu parentesco tanto para Deus quanto para seus filhos. No entanto, os pais precisam reconhecer que a salvação da alma de um filho, em última instância, é determinada por Deus e pelo filho. A educação ruim não glorifica a Deus quando desacompanhada do arrependimento dos pais, mas também não nega a capacidade de Deus de salvar um filho. Uma educação bíblica excelente de filhos glorifica a Deus se executadas para a glória de Deus, mas ainda assim não garante que um filho será salvo eternamente. Deus é soberano sobre a salvação de toda alma. Ter que lidar com um filho pródigo é um lembrete duro e doloroso dessa verdade, mas contribui para que conheçamos a graça de Deus de maneira mais profunda.
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