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Prioridades nos fundamentos do cuidado cristão

Como pastor, me preocupo regularmente em como treinar melhor o povo de Deus para a obra do ministério (Efésios 4.12). Sou grato por Deus ser misericordioso e paciente comigo à medida que busco “resolver esta situação”, isto é, à medida que busco entender como discipular, cuidar e equipar Seu povo.

Uma pergunta que tenho feito a Deus ao longo dos meus anos de serviço pastoral é a seguinte: “Qual é a essência do evangelho que o povo de Deus precisa conhecer e viver para um ministério eficaz?” Não irei abordar totalmente esta questão aqui; isso exigiria um texto muito mais longo. Mas gostaria de compartilhar algumas maneiras práticas pelas quais Deus tem respondido à minha pergunta nos últimos anos.

Como pastores, podemos passar muito tempo pensando em nossas habilidades e metodologia. Mas é fácil cair na armadilha de não ver a floresta por focar só nas árvores. O que Deus tem me ensinado é que é mais importante focar nele do que em mim mesmo e em minhas habilidades. Certamente, de maneira holística e prática, habilidades e métodos são importantes quando se trata de cuidar do povo de Deus. Mas mesmo as mais importantes ênfases e habilidades — ser um ministro competente, desvendar o coração, compreender as lutas que se travam nele e instruir sobre como viver uma vida piedosa — precisam ser devidamente compreendidas e praticadas. Vamos dar uma olhada em como equilibrar cada um desses quatro elementos essenciais com um foco principal em Deus e em Seu relacionamento conosco:

1. Competência e o Consolador

Podemos ficar ansiosos com o cuidado das pessoas. Lutamos com preocupações, tais como: “Eu não sei o que fazer;” “Eu nunca experimentei essa luta antes;” “Quero ajudar essa pessoa, não machucá-la;” “Eu preciso ler mais sobre esta dificuldade em particular.” Essas preocupações podem levar ao medo, falta de confiança e evasão.

Crescer em competência é importante. Às vezes você precisa ler mais. Mas, primordialmente, nossa confiança deve ser encontrada no Consolador. Em 2 Coríntios 3.4–6, lemos: “E é por meio de Cristo que temos tal confiança em Deus. Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança”. Qualquer que seja o nosso nível de competência, Deus ainda é o único que nos conforta em todos as nossas dificuldades. Embora as habilidades sejam essenciais, aqueles que estão sofrendo na vida precisam principalmente conhecer e experimentar Deus, o Pai da compaixão e o Deus de todo o conforto (2 Coríntios 1.3–4).

2. Desvendando o coração e aproximando-se de Deus

Desvendar o coração é básico para o cuidado cristão (Provérbios 20.5), mas o que é mais importante é que nós — tanto a pessoa que cuida quanto a pessoa que recebe os cuidados — nos aproximemos de Deus. Pode levar horas e horas para se entender e extrair as questões subjacentes que estão acontecendo no coração de uma pessoa. Mas Deus não precisa de horas. Ele sonda e revela nosso coração, e nos fornece exatamente o que precisamos. Por isso que é essencial confiar na Palavra de Deus para fazer a obra de Deus. Como diz Hebreus 4.12, “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”. Quando nos aproximamos de Deus por meio de Sua Palavra, Ele revela nossos corações como nenhum outro.

Ele também conforta nosso coração, nos guiando em Seus caminhos eternos. Podemos orar, “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139.23–24). Ele responderá. Ao nos aproximarmos dele, receberemos sua Palavra em nosso coração e conheceremos o coração dele. Então, seremos consolados à medida que confiamos e seguimos seus caminhos.

3. As Lutas e o Salvador

Compreender o coração e as lutas relacionais é também essencial, mas crescer na compreensão de nossos corações por si só não traz mudanças. Deus nos muda quando contemplamos sua glória na face de Jesus Cristo (2 Coríntios 4.6). 2 Coríntios 3.18 diz assim: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”.

Você pode passar horas mapeando toda a dinâmica das lutas de alguém. Mas aproximar-se do Salvador reformula a perspectiva que a pessoa tem acerca das suas lutas. Jesus fala à realidade da pessoa através de sua Palavra, e o Espírito lhe ajuda a ver sua realidade — sua história — à luz da história de amor de Deus. À medida que as pessoas permanecem em Cristo, seus pensamentos, emoções e desejos são transformados. À medida que aprendem a viver em Cristo pela fé, o Espírito produz dentro deles o tipo de fruto que obscurece suas lutas temporárias.

4. Instrução na vida piedosa e a experiência do amor de Deus

Quando você está pastoreando o povo de Deus, também é essencial falar sobre uma vida correta. Mas sabemos que uma vida piedosa é, em última análise, o fruto de uma vida na dependência de Deus. Quando uma pessoa está em Cristo, o Espírito de Deus lhe capacita a conhecer e experimentar o seu amor. Chamamos isso de comunhão com Deus, e essa comunhão nos constrange a viver de maneira diferente. Como 2 Coríntios 4.14–15 diz, “Pois o amor de Cristo nos constrange, ... para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.

Quando um cristão está crescendo em sua experiência da largura, comprimento, altura e profundidade do amor de Deus de maneiras que ultrapassam o conhecimento (Efésios 3.17–19), esse amor irá transbordar em uma vida piedosa. Fomos feitos para uma vida piedosa. Fomos feitos à Sua imagem para refleti-Lo. Então, quando experimentamos Seu amor, seremos compelidos a viver para Ele e não para nós mesmos.

Questões para reflexão

Qual é a sua tendência quando está ministrando aos outros — você tende a enfatizar competência e habilidade ou uma experiência de vida com Deus? Qual dos quatro contrastes acima você achou mais convincente? Deus está chamando você para obedecê-Lo ajustando sua abordagem no cuidado dos outros? Deus está convidando você a se concentrar em quais verdades sobre Ele? Seu conforto? Sua proximidade por meio de Sua Palavra? O convite de Cristo para vir e ver? Seu amor?

Este post, de autoria de Robert Cheong, foi originalmente publicado no blog da Biblical Counseling Coalition. Traduzido por Ivan Chagas e revisado por Lucas Sabatier. Republicado mediante autorização.

*Os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores originais, não refletindo, necessariamente, a opinião da direção e membros da ABCB em sua totalidade.

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