Você se lembra de como era ficar doente quando você era criança? Você podia ficar o dia inteiro dormindo, lendo e vendo TV. Seus pais o serviam de todas as maneiras. Traziam sopinha quente e compressas de gelo. Todos queriam lhe confortar, com muita compaixão. E a melhor parte: não precisava ir para a escola. Mesmo se sentindo muito mal, ainda havia alguma coisa muito boa em tudo isso. Esses dias eram muito bons.
Mas não é assim que acontece com adultos, não é mesmo? Lembro da primeira vez que fiquei gripado durante a faculdade. Foi horrível. Não me lembro de nada sobre a doença em si, mas posso dizer que não havia sopinha, nem compressas, e minhas tarefas e trabalhos da faculdade ainda precisavam ser feitos. Já podia perceber que as vantagens de estar doente haviam desaparecido.
Talvez a pior parte dessa experiência foi que eu recebi pouquíssima compaixão. Meu colega de quarto não ficou nem de longe tão preocupado quanto minha mãe ficaria. E já que eu não estava recebendo a compaixão que eu pensava merecer, passei a demonstrar compaixão por mim mesmo.
Eram muitas queixas e reclamações. Eu gemia a cada movimento. Até pra levantar da cama, tinha que ser em câmera lenta. Parecia filme. Se a minha performance tivesse tido uma audiência maior, poderia até ter sido indicado para o Oscar.
Já passou por isso? Elias também.
Se você nunca passou por isso, que bom pra você. Mas acho que a maioria de nós já passou por isso. E não estamos sós. A Bíblia relata a história de um profeta que respondeu de forma parecida a suas circunstâncias.
1 Reis 19.2–10 Então, Jezabel mandou um mensageiro a Elias a dizer-lhe: Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles. Temendo, pois, Elias, levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi, e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço. Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro;e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais. Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Voltou segunda vez o anjo do Senhor, tocou-o e lhe disse: Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo. Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus. Ali, entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do Senhor e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida. Essa passagem das Escrituras revela que Elias se sentia preso a pensamentos destrutivos com muitas semelhanças aos que eu tive quando fiquei doente durante a faculdade. Infelizmente, profetas e estudantes universitários não são os únicos suscetíveis a essa forma viciosa de pensamento. Isso é algo que afeta todos nós. Estamos falando da autocomiseração.
A autocomiseração distorce o nosso foco
O nome diz tudo. Quando nos envolvemos na autocomiseração, usamos nossa mente para ter pena de nós mesmos. A vida passa a ser somente sobre quão maravilhosos nós somos, quão bons nós temos sido, o que queremos, o que não conseguimos, quem não gosta de nós e como temos sido maltratados.
É como olhar por um par de binóculos. Binóculos ampliam os objetos em que estão focados. Eles nos ajudam a ter uma visão mais próxima de uma cena. E podemos ver muito bem todos os detalhes dos elementos daquela cena específica.
Autocomiseração funciona da mesma forma. Autocomiseração foca em mim—em meus desejos, em meus problemas, em minhas feridas. E podemos ser tão consumidos com nós mesmos, que todo resto fica de fora do nosso campo de visão.
Esse foi o problema de Elias. Quando Jezabel ameaçou matá-lo, Elias foi consumido pelo jeito com que ele estava sendo maltratado. Ele disse:
1 Reis 19.10 Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida. Note como a autocomiseração restringiu a visão de Elias. Ele acreditou que ele era a última pessoa a permanecer firme com Deus, quando, de fato, um dos versos seguintes revela que mais de sete mil pessoas em Israel ainda buscavam honrar a Deus (1 Reis 19.18). Mas essa não foi a única coisa que passou desapercebida para Elias. Sua míope preocupação consigo mesmo fechou-lhe os olhos para o fato de que Deus lhe havia dado recentemente uma vitória incrível sobre os profetas de Baal (1 Reis 18.16–40). Ele não conseguia ver que Deus estava graciosamente lhe usando de maneira poderosa. Deus não quer que os nossos olhos estejam nas circunstâncias. Ele quer que os nossos olhos estejam fitos nele. Quando focamos em Deus, podemos ver a cena muito mais amplamente. Podemos ver nossas vidas de uma perspectiva diferente. Podemos ver a bondade dele, a força dele, a soberania dele. Podemos ver que nossos problemas são, na realidade, parte dos planos dele. Mas é difícil lembrarmos disso se estamos preocupados demais com nós mesmos.
A autocomiseração polui a nossa fala
Jesus disse: “a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12.34). Uma vez que Elias se ‘entreteve’ em autocomiseração, não demorou muito para começar a tocar a trilha sonora. Elias começou a reclamar: “Senhor, eu tentei ficar firme pelo Senhor quando todo mundo te havia abandonado. E agora o Senhor permite que outros tentem me matar”.
A situação de Elias era difícil? Sim. Era legal ter a rainha de Israel fazendo ameaças contra ele? Claro que não. Mas será que não havia esperança? Certamente havia.
Ele tinha o Deus dos céus do seu lado. Ao invés de dizer “Pobrezinho de mim! Minha vida está tão horrível”, ele deveria ter pensado na melhor maneira de honrar a Deus em sua situação.
Mas não foi o que ele fez. E não é isso que a maioria de nós faz. A maioria gosta de reclamar. E alguns de nós são muito bons nisso.
“Eu não gosto disso.” “Como é que eu não recebi mais daquilo outro?” “Por que você não me trata do jeito que eu quero ser tratado?” “Quando você vai parar de fazer aquilo e fazer o que eu quero que você faça?”
Para alguns de nós, nada está bom suficiente—nunca! Se não tomarmos cuidado, podemos nos tornar tão focados em nós mesmos que acabamos tratando outros como se a única razão de existência deles é para nos servir. Certamente não gostaríamos de viver perto de pessoas assim, mas nós tendemos a ignorar essas características em nós mesmos. Ser um “resmungão” é uma das maneiras mais eficientes para afastar outras pessoas e manchar seu testemunho de Cristo.
Reclamar é, também, uma maneira de se misturar na multidão. Se você quer se destacar, se você quer dar uma boa impressão de Deus para outras pessoas, você deve fazer algo radical. Recuse-se a reclamar. O apóstolo Paulo disse:
Filipenses 2.14–15 Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo. De acordo com Paulo, se você se recusar a ser um “resmungão”, você vai brilhar como uma luz em meio a um mundo de escuridão. As pessoas vão notar. E você terá a oportunidade de dar testemunho de Deus. Mas isso tudo começa na nossa mente. Temos que arrancar a autocomiseração pela raiz em nossas vidas. Precisamos parar de focar em nós mesmos e em nossos problemas, e passar a focar em Deus, sua bondade, e nas melhores maneiras de cumprir sua vontade em nossas vidas.
“Acabando com a festa” da autocomiseração
Gostaria de sugerir algumas maneiras de reverter essa forma destrutiva de pensamento. Primeiro, precisamos reconhecer que nunca seremos capazes de transformar a nós mesmos. Como Elias, precisamos de Deus ao nosso lado. Ou melhor, precisamos estar do lado de Deus.
Isso começa quando reconhecemos Cristo como Senhor e Salvador. Se você nunca fez isso, ou não tem certeza se fez, lhe encorajo a conversar com alguém que você saiba ser um seguidor de Cristo. Pergunte para a pessoa o que a Bíblia tem a dizer sobre se acertar com Deus. Você pode também procurar alguém da nossa equipe. Não há nada mais importante do que ter certeza de que você entendeu essa questão com clareza.
Segundo, gostaria de encorajá-lo a começar a cultivar um espírito de gratidão. Comece simplesmente fazendo uma lista de todas as coisas que Deus fez por você. Mantenha essa lista ao lado de sua cama. Releia-a várias vezes durante a semana. Adicione uma ou duas coisas à lista cada vez que você a ler. E essa é uma parte de grande importância—agradeça a Deus regularmente por essas coisas. Será difícil andar no caminho da autocomiseração se você desenvolver um coração grato.
1 Tessalonicenses 5.18 Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.originalmente=">originalmente" publicado="publicado" no="no" blog="blog" da="da" Faith="Faith" Church="Church" de="de" Lafayette-IN.="Lafayette-IN</a>." Escrito="Escrito" por="por" Trey="Trey" Garner,="Garner," traduzido="traduzido" Lucas="Lucas" Sabatier,="Sabatier," e="e" republicado="republicado" mediante="mediante" permissão.="permissão.">
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